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Através da análise de águas residuais, o projeto de investigação COVIDETECT vai criar um sistema de alerta precoce para a presença do coronavírus, materializando-se numa ferramenta de deteção, quantificação, caraterização e modelação do vírus. Considerado prioritário pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática, o COVIDETECT arrancou no dia 20 de abril, sendo coordenado pela Águas de Portugal (AdP).
O projeto de investigação decorre “da evidência da excreção fecal (não se descartando a excreção urinária) do agente etiológico da COVID-19 em indivíduos infetados”, refere a AdP. A monitorização regular da presença de SARS-CoV-2 em efluentes nos locais dos hospitais de referência para doenças infeciosas e de maior densidade populacional, “possibilitará conhecer o perfil de contaminação das águas residuais com material genético do vírus e sua relação com o número de infetados conhecidos”.
Devido à impossibilidade de testar toda a população, esta monitorização pode constituir uma “importante ferramenta” de alerta precoce para a circulação do vírus na população antes da sua disseminação na comunidade.
“O objetivo final é usar as ETAR como watch dog da circulação de SARS-CoV-2 na população e estabelecer um sistema de alerta precoce que transfira informação para as autoridades competentes e contribua para melhorar a capacidade de preparação e de resposta do país face a eventuais novos surtos”, explica a AdP.
A previsão é que o projeto tenha “uma primeira fase de desenvolvimento e validação do método de cerca de um mês, seguindo-se a monitorização das ETAR durante os seis meses seguintes, paralelamente à modelação eco-epidemiológica das cargas virais e sequenciação dos genomas de SARS-CoV-2 presentes nas águas residuais”.
Além da AdP, o consórcio que irá desenvolver este projeto é composto pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que assegura a coordenação científica do projeto e as atividades de modelação da dinâmica de SARS-CoV-2 na rede de saneamento, modelação eco-epidemiológica e reconstrução dos genomas virais, o Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, responsável pelo desenvolvimento das metodologias para a deteção e quantificação do SARS-CoV-2 nas águas residuais, a Águas do Tejo Atlântico, enquanto entidade gestora de saneamento de uma das principais áreas metropolitanas do país, e a Direção-Geral da Saúde como parte do advisory board.
Estão também representadas a EPAL, a Águas do Norte e a SIMDOURO.