No nosso país, há políticas e estratégias positivas de preservação do planeta. Há, porém, trabalho pela frente e muito para melhorar.
Assinala-se hoje o Dia Mundial do Ambiente, cujo objetivo passa por alertar os diversos atores, dos cidadãos comuns aos governos, para a necessidade de proteger o nosso planeta e salvar o ambiente. Para se perceber o que Portugal está a fazer em matéria ambiental, falámos com Francisco Ferreira, presidente da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.
O nosso país está a levar a cabo ações positivas e negativas, no âmbito da proteção do ambiente. Francisco Ferreira explica que Portugal está “na linha da frente no que diz respeito ao cumprimento do Acordo de Paris”, re- ferindo-se à redução das emissões de gases com efeito de estufa, em grande parte pelos “investimentos que fez em energias renováveis”. E Portugal conseguirá cumprir esses objetivos se “evitar anos como 2017, no qual os incêndios florestais acabaram por aumentar imenso as nossas emissões”.
No que diz respeito à qualidade da água, o país está “muito bem”. Sobretudo na água para consumo na maior parte da população. Mas, infelizmente, existem problemas no que toca à “qualidade da água dos rios e começam também a levantar-se problemas em relação à qualidade das águas subterrâneas”.
No que se refere à qualidade do ar, há locais, principalmente no centro de Lisboa e do Porto, onde se está a “ultrapassar os valores-limite, o que está ligado ao tráfego rodoviário”.
Já na gestão dos resíduos não se está bem porque os desafios europeus são exigentes e Portugal está “abaixo das percentagens de reciclagem de embalagens e longe de cumprir as metas que tem para 2020 e para os próximos anos”.
Também na preservação das nossas áreas em termos de conservação da natureza, é necessário melhorar a gestão, pois há várias ameaças que não se estão a conseguir conter em algumas áreas. “Há uma forte pressão urbanística e os incêndios.” Depois há projetos “relacionados com a agricultura”, conta Francisco Ferreira, recordando “o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina”. Portanto, há projetos que “põem em causa a salvaguarda dessas zonas”.
Partidos ecologistas podem mudar o jogo na Europa
Nas recentes eleições europeias, os partidos ecologistas estiveram entre os grandes vencedores. Francisco Ferreira diz que foi com grande satisfação que viu o sucesso dos partidos que puseram na sua agenda temas ambientais e não apenas partidos ecologistas, apesar de esses terem sido os que mais cresceram em vários países. “Ver a Europa a ter como prioridade as alterações climáticas e as políticas climáticas foi sem dúvida um motor aliado ao que a sociedade tem feito: as manifestações com jovens e com toda a sociedade”. Por isso, os resultados mostram que as pessoas estão “atentas” e que perceberam que se está numa situação de emergência face ao aquecimento global, ondas de calor, questões de saúde ou biodiversidade.
O que a Zero espera é que, perante este aumento dos partidos ecologistas, os outros partidos “também percebam que esta área é crucial em termos de ação e não apenas como objetivo político”. “Portanto, temos esperança de que se dêem passos concretos no investimento em energias renováveis, e na eficiência energética numa resposta em termos de desenvolvimento sustentável.”
Os novos são mais conscientes
Questionado se os portugueses estão mais conscientes para a importância de proteger o ambiente, responde que “da parte dos jovens sim, não apenas pelas manifestações, mas pelas mudanças de comportamento”. Francisco Ferreira afirma que começa a ser visível essa mudança que, todavia, tem de ser comum aos mais novos e aos mais velhos. E o Estado tem de contribuir para esta resposta, alerta, tendo “coragem” de mostrar às pessoas que paga mais quem faz más escolhas ambientais. “O caso dos sacos plásticos foi paradigmático. Num curto espaço de tempo, conseguimos reduzir imenso a quantidade de resíduos que produzíamos”, relembra.