Ambiente Online A internacionalização é o passo que as empresas portuguesas, nomeadamente as Pequenas e Médias Empresas (PME), estão a dar para sobreviver ao abrandamento do mercado nacional. As necessidades de mercados emergentes surgem, muitas vezes, como um chamariz mas o presidente da Associação das Empresas Portuguesas do Sector do Ambiente (AEPSA) adverte que as empresas devem resistir à tentação de «disparar em todas as direcções». Diogo Faria de Oliveira diz mesmo que as empresas não podem ter ilusões quando decidem dar este passo: «é preciso sobretudo capacidade de tesouraria». A robustez económico-financeira, as referências e currículo, bem como a dimensão da empresa são características determinantes e que devem servir de base para a selecção dos mercados-alvo. Só que para as empresas terem tais características é necessário um mercado nacional. Como estão as empresas contornar o abrandamento da economia nacional? «A solução tem passado muito pelo estabelecimento de parcerias estrangeiras para colmatar as necessidades ao nível do currículo e da dimensão», explica o representante da AEPSA. Mas também nesta solução há que haver precauções, pois «a soma das partes [o consórcio] tem de ser melhor do que as partes». Neste sentido, Diogo Faria de Oliveira faz apelo ao outsourcing: «as autoridades nacionais têm de colocar no mercado concursos para as empresas poderem continuar a trabalhar no estrangeiro». Ainda assim, e apesar dos riscos, de um modo geral as empresas têm tido sucesso na forma como se estão a internacionalizar, garante. Hoje, há já várias empresas portuguesas consolidadas em mercados internacionais, depois há um conjunto grande de empresas que está a dar esse primeiro passo, muito por causa do abrandamento do mercado nacional. E é para estas últimas que Diogo Faria de Oliveira diz que é necessário mais apoio do Estado, nomeadamente «ao nível das cauções necessárias para efeitos de concursos, seguros para a actividade internacional e apoios para a abertura de linhas de crédito no estrangeiro». Do Norte ao Leste As oportunidades para as empresas portuguesas do ambiente são múltiplas e variadas. Os países lusófonos apresentam-se como mercados em que as empresas portuguesas têm «uma vantagem inicial» devido à proximidade de culturas e afectividade entre os países. Só que essa vantagem de «arranque» tende a atenuar-se em termos de competitividade. «É uma facilidade que se traduz na entrada dos mercados, porque depois, na gestão dos contratos, as portuguesas têm de ser iguais às suas concorrentes», explica o responsável da AEPSA. Outro lote de mercados em que Portugal tem vantagens reporta-se aos países do Leste da Europa e do Norte de África. Aqui as vantagens verificam-se ao nível «dos preços dos serviços a prestar». Finalmente, outro grupo com potencial para as empresas portuguesas do ambiente são o Norte da Europa (da Holanda para cima), onde também há vantagens competitivas ao nível do preço e há muita necessidade ao nível de serviços – projectos e consultadoria. Além do mais «as empresas portuguesas são muito conceituadas», garante Diogo faria de Oliveira. «Nos países lusófonos e no leste da Europa há ainda muitas necessidades de investimento ao nível de infra-estruturas básicas, por isso, a maior barreira para as empresas portuguesas se internacionalizarem pode ser precisamente a falta de dinheiro em Portugal». Neste contexto, diz o representante do sector, o Estado «não se pode furtar a apoiar as empresas».