NOVAS GEOGRAFIAS NAO ABSORVEM TODO O PRODUTO E POR ISSO O SETOR ENFRENTA GRANDES DESAFIOS
JOSE EDUARDO MARTINS E ANA CRISTINA CARROLA
0 painel inaugural do segundo dia do 13° Fórum Nacional dos Resíduos, moderado pelo advogado José Eduardo Martins, focou o problema das restrições que a China impôs à importação de plástico para uso secundário, obrigando o mundo a mudar a rota quanto ao destino para os seus resíduos. “E uma realidade que até 2018 cerca de 55 por cento dos resíduos plásticos do mundo eram exportados para a China”, sublinhou a vogal da direção da AEPSA – Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente, Ana Ribeiro, e quadro da Ambigroup. A diretora do Departamento de Resíduos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Ana Cristina Carrola, confirmou esse país asiático como destino tradicional das exportações portuguesas apesar de entre 2015
Migu
ANA RIBEIRO E MIGUEL ARANDA
e 2017 as exportações terem caído para metade. Em 2018 a quebra foi de 98 por cento e por isso na prática esse caminho deixou de existir. A solução imediata foi a substituição por outros destinos, como Turquia, índia, Vietname e Malásia, que supriram uma parte das necessidades, sublinha Ana Cristina Carrola. Espanha tem-se posicionado também como alternativa de destino para os plásticos de baixa qualidade que a Europa não tem capacidade para tratar. No entanto, a diretora da APA revelou a visão da União Europeia “Ou encontramos novos mercados para os receber ou aumentamos a prevenção e se combatem os resíduos na origem, com metas ambiciosas, tratando de procurar reutilização com maior valor acrescentado e criando condições equitativas entre plásticos secundários e virgens”, avisou. A diretora da APA relembrou que existem “milhões no programa Portugal 2020” para procurar soluções. “O plástico é necessário mas temos de evitar os excessos,
como sobreembalagens e melhorar o ecodesign”, frisou
NOVOS DESAFIOS
A vogal da AEPSA, Ana Ribeiro, sublinhou as dificuldades de substituir a China que recebia todos os resíduos, mesmo os más complexos, como aqueles com mistura de 3 ou 4 polímeros diferentes”. As novas geografias para onde estão a ser enviados os resíduos, como Turquia índia ou Malásia não têm a mesma capacidade de absorver as exportações, alertou. ‘A questão é saber como vamos preparar resíduos que possam entrar noutros mercados melhorando e adaptando os processos para termos matérias-primas valorizadas”, sublinhou. “Nós, recicladores, temos de nos adaptar e melhorar, temos de encontrar novos processos de receber e separar resíduos”, rematou. O diretor de Resíduos da Vedia Miguel Aranda, começou por agrupar países de acordo com a sua posição face à recicla-
AMARO REIS E RICARDO PEREIRA
gem dos plásticos. Segundo o gestor há quatro tipos países: “países em desenvolvimento mas desindustrializados e com comportamentos selvagens, países já com alguma indústria e que reciclam 10 por cento, o mesmo valor que países já desenvolvidos mas pouco regulados como os Estados Unidos e, finalmente, a Europa que recicla 30 por cento com muita regulamentação”.
“Estivemos sempre assentes na China, mas agora Tailândia ou índia não são necessariamente alternativas seguras”. O fecho de portas da China pode ser, na sua perspetjva uma oportunidade para os intervenientes começarem a trabalhar de forma más integrada A Vedia está a lidar com marcas preocupadas com o uso de reciclados e que “querem reverter a seu favor boas práticas”, exemplificou. Os representantes a APIP (Associação Portuguesa dos Industrias de Rásfco), Amaro Reis e Ricardo Pereira desempenharam o papel de defensores do materiá. Amaro Reis referiu que “o plástico é maravilhoso” e que apenas tem um problema nos últimos segundos de vida “É uma questão comportamentá”. O vice-presidente Reciclagem da ARP para a área da reciclagem, Ricardo Pereira referiu que deverá ser provado em breve que a pegada de carbono face a outras soluções é menor. ‘A esquizofrenia associada ao plástico está a levar-nos a alternativas que nos levam a ficar pior do que estávamos”. Ricardo Pereira concluiu o panei sublinhando a importância das universidades e das políticas públicas e mencionou as limitações de regulação hoje existentes no uso de plástico reciclado em certas utilizações, caso dos tubos invólucros de fibra órjca, o que demonstra águm desfasamento em relação aos objetivos de uma máor utilização da renovada matéria-prima