Governo dá 200 milhões para queima de lixo
Medidas visam a redução da produção de resíduos sólidos urbanos e reforço da reciclagem
Diploma está para discussão até 25 de janeiro. Ambientalistas contestam soluções
O Governo vai aplicar cerca de 200 milhões de euros até 2030 em programas que visam a queima de lixo. A despesa está inscrita no Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos 2020+, documento que está para discussão pública até 25 de janeiro.
A verba está repartida num montante que oscila num máximo de 100 milhões de euros a ser canalizado para a valorização energética por queima da “fração resto da preparação para a reutilização e reciclagem”. No uso de combustível derivado de resíduos será investido um montante semelhante.
O investimento que visa a queima de resíduos representa 40% dos 500 milhões de euros que o Ministério do Ambiente vai canalizar para um conjunto de medidas destinadas a reduzir a produção de resíduos por parte da população, aumentar a reciclagem e reduzir o lixo a ser colocado em aterros para 788 mil toneladas em 2020. Para a associação ambientalista Zero, esta é uma má opção: “Cadatonela- da de lixo queimada representa 200 quilos de dióxido de carbono (CO2) fóssil libertado para a atmosfera”. “É uma solução contrária ao combate às alterações climáticas e desfavorável à economia circular, caracterizada por uma utilização sustentável dos recursos”, refere.
No âmbito da reciclagem está previsto um investimento de 70 milhões de euros para o sistema de tara retornável obrigatório, para embalagens de plástico e alumínio. O objetivo é a entrega por parte do consumidor das embalagens, nomeadamente latas e garrafas, a troco de um valor. Na recolha seletiva será valorizado o modelo de recolha de embalagens porta aporta. O investimento previsto para esta ação, até 2025, é de cerca de 40 milhões de euros. Na recolha de biorresíduos (biodegradáveis alimentares e de espaços verdes) serão aplicados cerca de 90 milhões de euros.
Saiba mais
37 quilos por habitante, por ano, foi, em 2017, a quantidade de lixo obtido através da recolha seletiva de embalagens, destinadas à reciclagem. Valor muito abaixo do definido em 2011 para 2020, que era de 50 quilos.
Reciclado 19% do lixo
A Agência Europeia do Ambiente indicou que em 2013 Portugal reciclava 19% de todo o lixo produzido. Um valor muito abaixo do líder da tabela, a Áustria, com 63%. A média nos 28 estados-membros era de 39%. A meta para 2020 em todos os países-membros é de 50%.