O Jornal Económico O futuro do setor dos resíduos passa indubitavelmente pela aproximação ao modelo da economia circular, no qual pode funcionar como ator promotor e alavancador, aumentando a sua relevância na economia portuguesa. No passado dia 10 de julho foram apresentados os resultados e recomendações do estudo desenvolvido pela EY para a Associação Smart Waste Portugal intitulado “Relevância e impacto do setor dos resíduos em Portugal na perspetiva de uma economia circular”, que apresenta um diagnóstico aprofundado sobre o modelo de economia circular e do setor dos resíduos em Portugal e na Europa e propõe uma estratégia e um roadmap para o futuro destas atividades à luz da maior pressão da sociedade em torno da sustentabilidade económica e ambiental.O estudo mostra que o setor dos resíduos apresenta uma relevância económica significativa e evidencia os investimentos e progressos feitos pelo país na capacidade de valorização de resíduos e redução da deposição em aterro. Mas mostra também que ainda existe um longo caminho a percorrer.Segundo a perspetiva EY, esse caminho passa por uma reflexão aprofundada sobre o atual quadro estatístico relacionado com os resíduos para uma correta monitorização da realidade, a maior promoção de mecanismos de incentivo para inovação no âmbito da economia circular e da indústria 4.0, o reforço da capacitação, comunicação e formação avançada em temáticas relacionadas com economia circular (como o ecodesign), a necessidade de simplificação da legislação relacionada com a desclassificação de resíduos para subprodutos e o desenvolvimento de agendas regionais e setoriais para a economia circular.Por sua vez, a Conferência “A Economia Circular no Ecossistema Metropolitano do Porto”, promovida pela LIPOR no passado mês de junho, contou com a apresentação de um estudo pioneiro em Portugal sobre o “Metabolismo industrial e da economia circular na Área Metropolitana do Porto”, desenvolvido pela EY em parceria com o Instituto Superior Técnico, que caracteriza de forma específica os consumos e produção de materiais em cada um dos municípios desta região, no sentido de identificar oportunidades de valorização técnica e económica de materiais (e resíduos), numa lógica de simbiose industrial, bem como áreas de priorização para atuação da política pública ligada aos pelouros do Ambiente e da Economia nos municípios analisados.Este estudo mostra que cerca de 43% dos recursos materiais consumidos ao longo de um ano pela AMP não resultam diretamente em produtos, um indicador revelador da urgência de um modelo económico mais circular, especialmente nos setores e territórios onde os consumos não produtivos são mais significativos.