Correio do Minho Economia circular é uma das denominações para o mesmo foco na gestão de resíduos como recursos. De moda, passou a ser um imperativo de gestão de recursos e que a legislação sobre resíduos em diversos países do mundo começa a levar em consideração. De facto, os resíduos passaram de parente pobre do saneamento a respeitável parente da família com responsabilidades acrescidas no que tange às alterações climáticas. Finalmente o setor deixou de ser visto como aquele que limpa as ruas das cidades. Com efeito, para grande parte das pessoas o problema dos resíduos termina quando se coloca o saco do “lixo” no contentor, quando na verdade o problema começa ali.Não é apenas a saúde pública que está em causa quando não há gestão adequada dos resíduos que são consequência do metabolismo urbano em todas sociedades, em maior ou menor escala. É um setor da economia com grandes potencialidades de crescimento, mas também de preocupação que está em causa.Geram-se anualmente no mundo entre 7 e 10 biliões de toneladas de resíduos de origem municipal, industrial e perigosos (http://www.unece.org), cabendo aos resíduos municipais cerca de 50% deste total cujo destino em 70% dos casos é a sua deposição a céu aberto em lixeiras ou em aterros sanitários (do mal o menor), per- dendo-se importantes recursos naturais.A recuperação de recursos por via da reciclagem já emprega cerca de 12 milhões de pessoas em apenas três países – Brasil, China e Estados Unidos.A triagem e processamento de materiais recicláveis sustentam dez vezes mais empregos do que as operações em aterros ou em incineração, numa base por tonelada (Towards a green economy – UNEP).Estima-se também, que o setor informal dos resíduos utilize cerca de metade das pessoas envolvidas com o tema dos resíduos, ou seja, em número semelhante ao setor formal e respondem por 52% da reciclagem realizada no mundo (19% dos resíduos produzidos).A Europa está mais desenvolvida no que toca a políticas, medidas e ações com vista a uma sociedade da reciclagem e do desperdício zero, potenciando uma nova economia, a denominada de economia verde, economia circular, ou ainda de eficiência de recursos, produção e consumo sustentável, simbiose industrial, metabolismo urbano, resíduo-zero, eco-design, prevenção e minimização de resíduos, re- manufaturação, etc. Seja qual for o nome, trata-se de um conceito que estará nas próximas décadas consolidado em quase todos os países europeus, fruto de uma abordagem mais sustentável sobre os recursos, com apoio de legislação que obriga ao cumprimento de metas específicas (Towards a Circular Economy: A Zero Waste Programme for Europe (COM(2014) 398 final), e que influenciará outras legislações em outras geografias, designadamente os países de expressão portuguesa de Africa e o Brasil.Do total de resíduos produzidos na UE, 47% eram depositados em aterros em 2004, passando para 33% em 2012. O objetivo é não depositar resíduos em aterros, como faz a Alemanha, Áustria, Holanda, Dinamarca, Bélgica e Suécia. Mas há vários países que depositam mais de 75%, como a Lituânia, Chipre, Grécia, Turquia, Malta e Croácia. Portugal deposita cerca de 42% dos seus resíduos.Para que o objetivo de desvio dos resíduos dos aterros seja alcançado muito contribuirá a reciclagem multimaterial e a orgânica. O objetivo é desafiador e muito difícil de ser concretizado.Atualmente, cerca de 42% dos resíduos municipais são reciclados na Europa, para um objetivo de 50% daqui a 6 anos. Portugal passou de 13% para 26% entre 2004 e 2012, segundo dados oficiais disponibilizados pelo Governo português à UE (Eurostat) e a 28% em 2013, segundo a APA.A Alemanha, no mesmo período, passou de 56 para 64%, a Áustria passou de 60 para 59%, que revela a dificuldade em manter altas taxas, quanto mais aumentá- las.A Bélgica passou de 51 a 57%, a Dinamarca de 34 para 45%, a França de 29 para 39% e a Espanha passou de 31 para27%, reforçando a ideia que crescer neste setor depois de se atingir uma certa cifra começa a ser cada vez mais exigente. É