Ambiente Online Plano Geral de Drenagem prevê utilização de águas pluviais para fins múltiplos O Plano Geral de Drenagem de Lisboa, que prevê a construção de dois túneis que vão atravessar a cidade para desviar águas pluviais e evitar as cheias, vai permitir o aproveitamento da água da chuva para rega, lavagem de ruas e combate a incêndios, revelou ao Ambiente Online José Fernando da Silva Ferreira, coordenador da equipa de projecto da Câmara Municipal de Lisboa que está a desenvolver este plano. “No túnel que vai de Monsanto a Santa Apolónia vamos colocar uma tubagem, na parte de baixo, tubagem essa que vai ser ligada posteriormente à ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Alcântara e que pode fornecer água tratada que seria enviada normalmente para o rio. Em vez disso será enviada para o centro da cidade e usada na zona da Almirante Reis, por exemplo, ou na zona da Avenida da Liberdade, para rega do parque Eduardo VII e Avenida da Liberdade”, ilustra o responsável ao Ambiente Online. Nem só para rega será aproveitada esta água que cai do céu. Há ainda a intenção de a recuperar para lavagem de ruas. “Não há necessidade de se andar a lavar as ruas com água potável da Epal. Isso já se faz hoje em dia, mas através do enchimento de carros tanque. Ora se conseguirmos canalizar água com uma rede simples no centro da cidade torna-se muito mais económico e eficaz”, revela. No futuro, estas águas pluviais desviadas, poderão ainda ser integradas na rede de combate a incêndios de forma a que os fogos deixem de ser combatidos com recurso a água potável. Pelos cálculos de José Fernando da Silva Ferreira parte significativa da água que é tratada e restituída ao Tejo através da ETAR de Alcântara poderá quase totalmente ser reutilizada para rega e lavagem de ruas. A Câmara Municipal de Lisboa pretende começar a obra durante o primeiro semestre de 2017 para que possa estar concluída em meados de 2020. O responsável abordou o assunto durante a “WEX GLOBAL 2016”, que decorreu em Lisboa de 27 de Fevereiro a 1 de Março e que reuniu especialistas internacionais que exploraram as oportunidades que se apresentam ao sector da água no âmbito da economia circular, nomeadamente no que diz respeito à reutilização de águas residuais. Recorde-se que o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, defende que as águas pluviais devem ser geridas em conjunto com as águas residuais. “A engenharia e manutenção que estas infra-estruturas exigem têm muita similitude com as águas residuais urbanas. Dificilmente serão bem geridas se não forem geridas em conjunto”, argumenta.