Jornal de Negócios Presidente da Aguas de Portugal demite-se em desacordo com o Governo O presidente da Aguas de Portugal bateu com a porta por discordar da política do Governo de António Costa para o sector. A decisão de Afonso Lobato Faria foi anunciada esta quarta-feira, 30 de Março, e comunicada à administração da empresa pública e à tutela O Ministério do Ambiente já confirmou a demissão do gestor.Numa e-mail enviado aos administradores da empresa, a que o Negócios teve acesso, Lobato Faria argumentou: “Por não concordar com as ideias que a tutela sectorial defende para o grupo Aguas de Portugal (AdP), quero comunicar-vos que renunciei ao cargo de presidente do conselho de administração da empresa pois entendo que esta será a melhor forma de defender o superior interesse nacional”.Quando aceitou o convite em Dezembro de 2011, escreve o gestor, “estava consciente das dificuldades económico-financeiras por que passava na altura o grupo AdP”. Um dos desafios lançados então pelo Governo de Passos Coelho foi agregar os sistemas multimunicipais do interior com os do litoral, de forma a criar uma “tarifa única”. “O processo incluía igualmente, e pela primeira vez na história do sector da água, a resolução do défice tarifário acumulado em 25 anos por forma a ser geracionalmente justo”, sublinha “Concordei totalmente com a solução apresentada, por me parecer a melhor solução para devolver a sustentabilidade económico-financeiraaum sector essencial para o país, e não estava enganado”, acrescentaSegundo o gestor, menos de um ano após a solução implementada em Julho de 2015 “os principais indicadores do grupo tiveram uma melhoria significativa”. Hoje, defende, “os principais problemas do grupo Aguas de Portugal estão resolvidos pelo que o elementar bom senso aconselhava a que esta reestruturação fosse consolidada nos próximos anos”, acrescenta “Não foi este o entendimento da tutela sectorial que anunciou a reversão do processo de reestruturação no passado dia 22 de Março”.Demissão já esperadaUma fonte do sector apontou que esta demissão chega “sem surpresas”, pois as declarações públicas do presidente da Aguas de Portugal já iam neste sentido, sublinhou.Afonso Lobato Faria esteve no Parlamento em Janeiro para fazer um ponto de situação da Aguas de Portugal. Questionado sobre a prometida reversão nesta reestruturação, conforme prometida no programa do Governo de António Costa, Afonso Lobato Faria recusou “comentar programas de Governo” e “orientações políticas” e preferiu “tecer algumas considerações”, elogiando a reestruturação que estava a ser feita no sector.