Jornal de Negócios Se um banco de investimentos londrino não financia os projectos nacionais, isso é provavelmente mais um sintoma das disfuncionalidades do mercado de capitais europeu, diz Jyrki Katainen, que quer as empresas a olhar para novo Fundo Europeu como uma boa alternativa. PLANO JUNCKERQuando no início do ano andou em “road-show” pela Europa a vender o Plano Europeu para o Investimento (PEI), Jyrki Katainen ouviu diversos governantes a queixarem-se da falta de capacidade administrativa para ajudar a implementar o instrumento. Portugal não integrou o grupo dos descrentes – aliás, o vice-presidente da Comissão Europeia já teve oportunidade de dizer, em entrevista ao Negócios, que o plano Juncker foi feito a pensar em países como o nosso – mas não está no pelotão da frente. Falta criar um serviço de aconselhamento local que facilite ávida às empresas, clarificar qual o papel que a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) terá em todo este processo, além de definir se haverá envolvimento directo ou indirecto do Estado português no projecto. Para a Comissão Europeia, contudo, mais importante do que o empenho das autoridades de cada Estado membro, é que as empresas do sector privado saibam que há um novo instrumento ao seu dispor.Jyrki Katainen e Ambroise Fayolle, vice-presidente do Banco Europeu de Investimentos (BEI) responsável pela área da inovação, reuniram-se na semana passada em Bruxelas com jornalistas de diversos Estados-membros para pedir ajuda na divulgação do que os consideram ser um poderoso instrumento de relançamento do investimento na Europa. O Plano Juncker será operacionalizado através do Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos (FEIE). Este fundo será gerido pelo BEI e a expectativa é que a almofada financeira de 21 mil milhões de euros destinada à concessão de garantias, permita alavancar um investimenta de 315 mil milhões de euros no espaço de três anos. Os destinatários são sobretudo grandes projectos privados ou público-privados nas áreas da energia, infra-estruturas e inovação, mas as PME (até 3.000 trabalhadores) também contarão com uma parte das verbas (25% do total).Questionado pelos jornalistas sobre a aparente falta de mobilização portuguesa em torno deste novo instrumento, Katainen adiantou que Portugal não só encaixa no projecto como até tem a sua quota-parte de mérito na sua criação. Contou Katainen que, durante uma deslocação a Portugal em 2014, ainda enquanto substituto de Ollie Rehn nos Assuntos Económicos, o agora vice-presidente da CE reuniu com Maria Luís Albuquerque, que lhe garantiu que há projectos viáveis em Portugal mas que não conseguiam arranjar financiamento. “Eu perguntei pelo BEI e ela respondeu que o BEI não podia fazer grande coisa porque só aceitava projectos de baixo risco”.Ora o FEIE virá precisamente ao encontro destes bons projectos que não se conseguem financiar junto da banca de investimentos londrina, devido a disfuncionalidades que subsistem no mercado de capitais europeu, nem eram elegíveis junto do BEI, devido ao nível de risco envolvido, explicou o responsável.Jyrki Katainen salientou ainda que o FEIE será um instrumento complementar que pretende adicionar investimento ao que já estava planeado: “Todos os projectos que aprovados neste âmbito são os que não obtêm financiamento de outro modo”. Ou seja, “o FEIE existe para suprir uma falha de mercado, não há uma competição com o financiamento privado”.Candidaturas terão de ser feitas via BEIAmbroise Fayolle, por seu turno, explica que as candidaturas terão de entrar via BEI (seja directamente, seja através de intermediários nacionais, no caso das PME), a quem cabe avaliar cada uma delas. No processo de avaliação é atribuído um nível de risco a cada operação, em função de factores como a área de investimento, a qualidade do promotor ou a duração do empréstimo. A tradição do BEI é conservadora mas o FEIE “permitir-nos-á aceitar projectos que habitualmente não aceitamos, ou só aceitamos de forma muito limitada Traduzindo em ordens de grandeza: “Habitualmente o BEI concede 70 a 80 mil milhões em financiamento anual, sendo que só quatro a cinco mil milhões deste bolo têm maior grau de risco. Agora, a ideia é elevar esta fasquia para os