Diário Económico “Águas de Portugal reduziu dívida líquida em 485 milhões de euros” Água e Saneamento Após a reestruturação do sector das águas, empresa afasta fantasma de aumento de capital e prepara emissão de obrigações na ordem de 100 milhões de euros. A gestão da Águas de Portugal (AdP) garante que está assegurada a sua solidez financeira, após a venda do negócio dos resíduos da Empresa Geral de Fomento (EGF) e a fusão dos 19 para cinco sistemas multimunicipais do grupo. Decisões que ditaram o fim da primeira grande etapa da reestruturação do sector, iniciada em 2012. Em entrevista ao Diário Económico, o administrador financeiro da AdP, Gonçalo Barata, traça o retrato dos novos desafios. Que balanço faz da reestruturação financeira do grupo? O grupo AdP é das poucas empresas de dimensão significativa que, neste momento, não tem a dívida reclassificada no perímetro de consolidação do Estado. Contrariamente à do sector dos transportes, continua fora do perímetro da dívida pública. Quando olhamos para a redução do endividamento nos últimos três anos temos números muito significativos, mesmo num contexto público. Desde Setembro de 2012, houve uma diminuição de 485 milhões de euros da dívida líquida. Desta, cerca de 150 milhões de euros estão relacionados com a venda da Empresa Geral de Fomento (EGF). Há ainda a dívida da EGF que foi com o comprador e que era de 110 milhões de euros. Estamos assim a falar de 260 milhões de euros. De onde vem o valor remanescente? São cerca de 225 milhões de euros. Resultam da alteração direccional realizada nos últimos três anos. Quando este mandato começou tínhamos dívidas de não pagamento de municípios a crescer a um ritmo superior a 100 milhões de euros por ano. Em 2013, esta aumentou apenas cinco milhões e, em 2014, tivemos uma primeira redução de quase 40 milhões de euros e ao longo deste ano já registámos diminuições de 10 milhões de euros. A redução do ‘stock’ de fundo de maneio que temos de ir buscar para financiar o que não recebemos reduziu-se em cerca de 50 milhões de euros. A reestruturação do sector das águas permitiu nivelar a tarifa [de venda de água aos municípios] para níveis de acessibilidade mais equitativos. Evita assim que haja incumprimentos dos municípios e haja geração de caixa que, como está previsto nos estudos de viabilidade económico-financeira, possa reduzir o endividamento do grupo e ganhar solidez. No final do ano, qual é a dívida líquida prevista? Apontamos para cerca de 2,3 mil milhões de euros. Em Setembro de 2012 rondava 2,78 mil milhões de euros. Neste momento, a EGF só tem dois negócios: água e saneamento. O resto são negócios marginais. Se um município decidir pagar mais dívida, isto altera-se. A parcela dívida de médio-longo prazo, essencialmente Banco Europeu de Investimento (BEI) e obrigações colocadas no passado em banca comercial europeia, está em 2,1 mil milhões de euros. A reestruturação da dívida continua ser uma necessidade? Este ano, entre amortização do BEI e um ‘private placement’ feito há 10 anos, amortizámos 155 milhões de euros, dos quais 100 milhões são referentes à operação realizada no Japão, a qual acabamos de pagar. Ainda assim, perante estes 2,1 mil milhões, para uma dívida global de 2,3 mil milhões de euros, não conseguimos ficar indiferentes a uma situação de taxas ainda muito baixas. O ‘rating’ da República ajuda. A dívida líquida de curto prazo representa quase 300 milhões. Vão emitir mais dívida? Não está fechado, mas é muito provável que, tendo em conta o ambiente benigno de financiamento, que façamos uma substituição de uma parcela desta dívida de curto prazo, inferior a 100 milhões de euros, através de uma emissão de obrigações. Deverá ocorrer até ao final do ano. E quanto ao BEI? Para o BEI, ao contrário da banca comercial, é crítica a componente técnica dos projectos. O BEI exige um detalhe muito grande sobre a forma como é gasto o dinheiro. Estamos a tentar fazer pedagogia, já que os novos investimentos têm um perfil diferente do passado, dado que não envolvem grandes obras. Estamos a explicar que são ob