Diário Económico Portugal precisa de 3,7 mil milhões de euros para investir no sector da água e os fundos comunitários só disponibilizam 634 mil diz, em entrevista, o presidente da Águas de Portugal, Afonso Lobato Faria. “Faltam três mil milhões para os investimentos no sector da água” Ambiente Portugal necessita de cerca de 3,7 mil milhões de euros, mas os fundos comunitários só disponibilizam 634 milhões de euros. Para convencer a banca é preciso continuar a reestruturar. Com a conclusão da reestruturação do negócio de captação, tratamento e venda da água aos municípios, através da redução de 19 para cinco empresas, o grupo Águas de Portugal (AdP), que actua nos chamados sistemas em alta, garantiu a sua saúde financeira. Agora é preciso agir nos chamados sistemas em baixa. Geridos em cerca de 70% pelas autarquias, estes asseguram a distribuição da água aos consumidores finais. A solução, diz o presidente da Águas de Portugal, Afonso Lobato Faria, passa pela agregação dos municípios, com o objectivo de ganhar escala. Quais são os resultados da reestruturação financeira da AdP? Nos últimos três anos, o grupo sofreu reduções significativas dos custos operacionais, cerca de 32 milhões de euros. A este valor somam agora mais 91 milhões de euros resultantes da redução dos sistemas multimunicipais. Um dos objectivos da reestruturação são os ganhos de escala e as reduções que aí se realizam. Entre 2012 e 2014, o grupo AdP diminui também o endividamento bancário bruto em 180 milhões de euros. Isto é boa gestão. Pagar a quem confiou em nós. Optámos por uma gestão prudente. Não fizemos alguns investimentos importantes. Adiámos porque não tínhamos a tesouraria necessária. Tínhamos dívidas dos nossos clientes muito elevadas. Os 150 milhões da venda da EGF são para abater à dívida da AdP. Continua a haver necessidade de injectar capital? No passado chegou a haver necessidade de injecção de capital. Agora não. Conseguimos equilibrar a situação económi- co-financeira do grupo AdP. A partir de agora a sustentabilidade está garantida pelo novo enquadramento. Isso não vai impedir que se consigam maiores eficiências, melhor serviço para os clientes e para o consumidor final. O desequilíbrio que existia nos sistemas multimunici- pais entre o litoral e interior era compensado exclusivamente com suprimentos do accionista maioritário, a AdP. Os sistemas estavam a viver ligados à máquina. O grupo AdP tinha que gerar capital suficiente para fazer com que estas empresas não caíssem. E a nível de recursos humanos? Houve uma redução de 509 pessoas no grupo, o que corresponde a cerca de 10% do total dos seus recursos humanos. Actualmente, o grupo está numa fase de gestão de infra- -estruturas. Antes o foco era a construção, que exigia mais pessoas. O plano de investimentos vai ser revisto? Neste momento, estamos a realizar todo o investimento necessário. Conseguimos, com este reequilíbrio uma forte redução de gastos. Temos um plano de investimentos traçado até 2020. Vamos manter o ritmo de 200 milhões de euros de investimento por ano, o que nos torna num dos principais grupos económicos a investir em Portugal nos próximos anos. O negócio da distribuição de água em baixa necessita também de fortes mudanças, à semelhança do que está a acontecer na alta. São mudanças para garantir a sustentabilidade. A baixa não é gerida pelo grupo AdP. Só 10%. Está tipicamente nas mãos dos municípios. Necessita de realizar investimentos avultados e de garantir a sua sustentabilidade. Sendo o grupo AdP responsável pela alta, preocupa- mo-nos com o serviço completo. O cliente final muitas vezes não sabe que, por trás, está o grupo AdP a tratar das águas e do saneamento. A baixa necessita de uma reforma profunda. Temos o POSEUR com cerca de 634 milhões de euros destinados ao ciclo urbano da água. Esta verba destina-se à alta e à baixa. Quais são as necessidades do país? Precisa de investimentos na ordem dos 3,7 mil milhões de euros. Faltam aqui cerca de três mil milhões de euros. Cerca de dois terços referem-se ao negóc