Diário Económico Mais de 70% das famílias fazem separação do lixo doméstico para reciclagem. Estudo da Sociedade Ponto Verde revela que, na lista por distritos, Lisboa lidera com 79%. Mais de dois terços das famílias já fazem reciclagem Ambiente Cerca de 71% dos alojamentos fazem a separação doméstica das embalagens usadas. No topo da lista, por distritos, está Lisboa, com 79%. Na cauda encontra-se Bragança, 63%. Quase duas décadas de campanhas intensivas de sensibilização, destinadas a promover a reciclagem, ajudaram a moldar o comportamento e hábitos dos portugueses. Reaproveitar materiais de difícil decomposição e com forte impacto negativo no meio ambiente, ou simplesmente evitar que o esgotamento dos recursos naturais são algumas das mensagens que passaram a fazer parte do quotidiano. O trabalho promovido ao longo dos últimos anos pela Sociedade Ponto Verde, a quem cabe actualmente o exclusivo da recolha selectiva, retoma e reciclagem de embalagens, re- flecte-se hoje por todo o território nacional. Isso mesmo prova o estudo “Missão Reciclar” a que o Diário Económico teve acesso e que traça, pela primeira vez, um retrato por distrito, permitindo mapear cerca de dois milhões de pessoas. O relatório conclui que, em termos globais, 71% das famílias fazem já a separação doméstica de embalagens usadas/resíduos e nomeadamente de forma total (59%), ou seja, integrando nessa separação todas as tipologias de materiais passíveis de serem separados: vidro, papel, metal e plásticos. A fatia de lares que não o fazem actualmente representa uma fatia de 29%, ao passo que os restantes 12% se referem aos que fazem de forma parcial. Com uma banda que oscila entre 63% e os 79%, protagonizados pela região de Lisboa, no fim da tabela que caracteriza os alojamentos face à separação de embalagens está o Porto e Bragança. O mesmo documento revela ainda que só em dois distritos – Évora e Viana do Castelo – há equilíbrio entre as famílias que fazem a separação total e as que procedem apenas de forma parcial. Em todos os restantes casos, realça, “há predomínio evidente das famílias separadoras totais”. Olhando retrospectivamente, face aos dados que tinham sido recolhidos em 2011, verifica-se uma evolução de dois pontos percentuais, para os actuais 71%, relativamente ao total de famílias que interiorizam estes hábitos de separação. A maior evolução verifica precisamente entre os que fazem uma separação total, na ordem dos 12 pontos percentuais, ao passo que os separadores parciais registam uma evolução de 10 pontos percentuais. Que razões estão então por detrás de quem insiste em não acompanhar aquela que é já uma tendência generalizada da população de separação, em casa, das embalagens usadas/resíduos? Os argumentos são vários, mas a falta de recipientes próprios para o efeito dominam, representando 78%. Há quatro anos, este factor era de 56%, verificando-se assim um forte agravamento comparativamente a outros factores de queixa. O destaque vai ainda para “a percepção de uma carga excessiva de trabalho voluntários exigido à família (45%)”, bem como a distância dos ecopontos face ao lar (37%). Em contrapartida, comparativamente a 2011, houve uma diminuição do total de pessoas que não vê qualquer necessidade em concretizar em casa tal tipo de tarefa, tendo passado de 23% para 10%. Portalegre e Beja ficaram de fora do estudo porque não foi possível obter uma amostra representativa, refere a Sociedade Ponto Verde. QUATRO PERGUNTAS A. LUIS VEIGA MARTINS Director-Geral da Sociedade Ponto Verde “Já investimos mais de 50 milhões de euros em campanhas” A Sociedade Ponto Verde (SPV) canalizou, nos últimos 20 anos, entre 5% a 7% das receitas anuais da empresa para promover campanhas e projectos de sensibilização. Acredita que é possível ainda melhorar estes números? Acredito e a evolução ocorrida nos últimos anos é bem demonstrativa: em 2007 um pouco mais de 60% da população separava os seus resí