Dinheiro Digital O cluster dos resíduos, que reúne várias entidades do setor, pretende promover a utilidade do «lixo» como matéria para obter novos produtos, refletindo valor económico, além de contribuir para o ambiente, disse hoje o coordenador da comissão instaladora. «A economia circular está em linha com o que tem acontecido nos últimos anos, que é ir além da pura reciclagem, como acontecia nos últimos cinco a dez anos, e criar uma interdependência», referiu à agência Lusa o coordenador e porta-voz do ‘cluster’. Filipe Serzedelo explicou que se trata de realçar que «um produto precisa de resíduos para ser produzido e não [a ideia] de que vamos reciclar um resíduo porque é melhor para o ambiente, ou seja, é por necessidade económica e não simplesmente para satisfazer as vontades de ter um bom ambiente, essa é que é a estratégia principal». No final de fevereiro, foi apresentada o ‘cluster’ para juntar parceiros do setor dos resíduos, entre empresas, associações, instituições, investigação, com o objetivo de criar um espaço comum de geração de negócio, iniciativa que partiu da Lipor, entidade responsável pela recolha e tratamento de lixo urbano na região do Porto. Foi definida uma comissão instaladora, coordenada por Filipe Serzedelo, para elaborar estatutos e modos de funcionamento, foi igualmente trabalhada a estratégia para o ‘cluster’ e criado um movimento de angariação de sócios. A direção do ‘cluster’ foi escolhida em assembleia geral, realizada na quarta-feira, e tem como presidente Aires Pereira, da Lipor, ficando os cargos de vice-presidentes para a Logoplaste e para a Sonae, a que se juntam seis vogais. Na sexta-feira, será apresentada a nova marca ‘Smart Waste Portugal’, a sua estratégia colaborativa e objetivos para atuar em toda a cadeia de valor do setor, para que seja “um exemplo de inovação, dinamismo e cooperação entre os seus intervenientes e um contributo positivo para o país, bem como afirmar a relevância da gestão de resíduos para o desenvolvimento da economia circular”, segundo a organização da iniciativa. “Este é um trabalho a cinco anos, mas acho que temos todos os alicerces [necessários] em Portugal. Hoje temos uma indústria mais madura no sentido de que, como já sabe tratar bem os seus resíduos, também sabe, se for economicamente interessante, ir buscar resíduos para o seu próprio funcionamento”, considerou Filipe Serzedelo. E apontou o exemplo do papel e cartão como uma das áreas que, “de uma certa forma, [já é] uma economia circular desde há muito tempo, ou seja, as caixas são feitas de caixas usadas, mas isto pode ser aplicado a muito mais setores”, enquanto em outros casos não é assim, como na construção civil, que “ainda precisa de mais reaproveitamento do que existe hoje em dia”. Na opinião de Filipe Serzedelo, “o ponto principal é o conceito de economia circular, ou seja, em vez de cada empresa a trabalhar no seu canto, [há] um ‘cluster’ ou uma organização de empresas que trabalham umas para as outras”. Além da Lipor, o conjunto inicial de parceiros abrange a Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente (AEPSA), a EGEO, Tecnologia e Ambiente, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD), a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Sociedade Ponto Verde (SPV). Dinheiro Digitalcom Lusa