SAPO Lusa?5 de Junho de 2015, às 15:00 O volume de perdas de água na rede de distribuição atinge uma média de 30 por cento da água captada a nível nacional, situação que preocupa uma associação do setor por estar em causa a sustentabilidade ambiental. Em declarações à agência Lusa, Pedro Montalvão, da direção da Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente (AEPSA) considerou a gestão das perdas de água como “um fator essencial de sustentabilidade ambiental e financeira” das cerca de 380 entidades, públicas e privadas, gestoras de sistemas de abastecimento a nível nacional, constituindo, igualmente, um dos principais indicadores de eficiência daquelas organizações. As perdas, classificadas como água não faturada, dividem-se em reais (resultantes de fugas na rede, entre a captação e o consumidor final, “por deficiência ou ineficiência das infraestruturas de rede”), ou aparentes (relacionadas com contadores que “fazem mal a medição”), explicou. Segundo Pedro Montalvão, das 380 entidades gestoras, a entidade reguladora dispõe de dados relativos a 252 organizações públicas e privadas, como câmaras municipais ou empresas concessionárias. A média nacional de água não faturada atinge os 30,7% e apenas 22 entidades estão abaixo dos 20% de perdas de água, “valor considerado como referência de eficiência” pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos). O lote de 22 entidades gestoras mais eficientes é liderado pela autarquia de Góis, distrito de Coimbra, com 6,78 por cento, seguida da Câmara Municipal de Mangualde, Viseu, (8,53%) e a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), Lisboa, com 8,69 por cento. De acordo com Pedro Montalvão, das 380 entidades do setor do abastecimento de água “apenas 32 são privadas”, nove das quais integram o lote das 22 mais eficientes. A lista, ao nível das concessionárias privadas, é liderada pela Águas de Valongo (15,04%, sexto lugar a nível nacional), seguida da Águas de Mafra (oitavo lugar, 15,9 por cento) e Águas de Cascais (13º lugar, 17,3%). O dirigente da AEPSA frisou que para contrariar as perdas de água, a qualidade das infraestruturas de distribuição “é importante, é a base, “mas existem diversas intervenções que podem ser feitas para melhorar a eficiência, no caso das perdas reais, como a existência de equipas especializadas que possam “reagir e atuar, em tempo real” contra deficiências ou constrangimentos na rede. Outra medida passa por desdobrar uma grande rede de distribuição em pequenas redes, com instalação de zona de medição e controle “onde se fazem balanços hídricos da água que se capta e se vende”, frisou Pedro Montalvão. Também a pressão da água na rede concorre para a eficiência do sistema: “quanto mais elevada for, mais possibilidade há de existirem fugas”, adiantou. Já nas perdas aparentes, a intervenção ao nível da eficiência passa pela substituição de contadores. “Mas o grosso dos problemas está nas perdas reais”, sustentou Pedro Montalvão. O responsável da AEPSA deu o exemplo de uma entidade gestora – a Aquamaior, do município de Campo Maior, distrito de Portalegre – que pôs em prática algumas das medidas preconizadas pela associação e reduziu as perdas de água “em 5% ao ano”, passando dos 44% em 2009 para 18,3% em 2013, passando a integrar o lote das mais eficientes. “Nesta área, não há segredos para as boas práticas. Deve constituir um esforço permanente e ser um objetivo fundamental das empresas”, alegou.