Ambiente Online APDA organizou debate sobre estratégia nacional para o sector das lamas Não faz sentido criar uma entidade gestora para as lamas de ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) quando o resíduo em causa está concentrado nessas estruturas. Esta ideia foi defendida hoje pelo especialista em resíduos, Carlos Martins, durante o debate sobre a estratégia nacional para o sector das lamas em Portugal, organizado pelaAssociação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), que decorreu esta quarta-feira, 27 de Maio, no Auditório da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa. Carlos Martins é gestor daUnidadede Negócios da Água Produção e Depuração, no grupo Águas de Portugal, mas defendeu esta posição a título pessoal. “As lamas não funcionam como os outros resíduos. No caso dos automóveis, pneus, pilhas ou lâmpadas, há produtores que distribuem difusamente o produto. Têm por isso que encontrar logística para os voltar a reunir e encaminhar assumindo a responsabilidade do produtor. Nas lamas estamos na presença de uma coisa distinta. As pessoas que produzem estão dispersas. São os dez milhões de portugueses. O que está concentrado são as ETAR onde chegam as lamas”, enfatizou deitando por terra muitos dos argumentos daqueles que defendem uma entidade gestora para este resíduo específico. O especialista diz que basta controlar 51 estações de tratamento, das mil que o grupo Águas de Portugal gere, para “controlar 80 por cento das lamas produzidas no país”. Carlos Martins lembra ainda que as autoridades, como é o caso da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), têm que verificar se o encaminhamento que se dá a esses resíduos é o correcto ou não. Outra voz céptica que se levantou quanto à criação de uma entidade gestora foi a de Patrícia Castro Gonçalves, administradora da Gintegral, operador de gestão de resíduos do grupo Monte. “Não consigo encontrar vantagens na criação de uma entidade gestora de lamas. Se a entidade gestora servir para eliminar burocracia não vejo inconveniente. O problema é que muitas vezes trata-se de criar lobbies”, criticou de forma desassombrada. O administrador delegado da Ferrovial Serviços, Tiago Borges, seguiu a mesma linha de pensamento. O responsável não vislumbra as vantagens da criação de uma entidade gestora, mas admite que seja necessário apertar a fiscalização. NÃO HÁ NO MUNDO NENHUMA ENTIDADE SIMILAR A AEPSA Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente, que defendeu a criação de uma entidade gestora para as lamas, semelhante à Sociedade Ponto Verde para as embalagens, na altura da tomada de posse da nova direcção, em Abril deste ano, diz agora que a solução pode não passar necessariamente pela criação dessa entidade, que não existe ainda em nenhum país do mundo. “Houve uma fase que se achava que o sistema era tão mau que se precisava de uma entidade gestora. Reflectimos e se calhar conseguimos resolver o problema um sistema de registo electrónico e guias electrónicas com efeito controlo e traçabilidade”, explicou o vogal da direcção da AEPSA, Pedro Afonso de Paulo. O antigo secretário de Estado do ambiente sublinha que a AEPSA é a favor de um “sistema efectivo de registo, organizado, auditável de forma a que se saiba exactamente quanto é produzido, onde, como é tratado e onde”. A criação de uma entidade de coordenação e registo de lamas de ETAR anúncio que foi feito esta manhã pelo secretário de Estad odo ambiente, Paulo Lemos é para Pedro Afonso de Paulo “um passo salutar, mas apenas “um primeiro passo”. O técnico do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, Pedro Carteiro, defende que, a ser criada uma nova entidade gestora, “porque o controlo do destino final é necessário”, essa responsabilidade deve caber à ERSAR “de forma natural” e em linha com as competências que já tem. Já o director da Área dos Combustíveis Alternativos da Secil, João Pereira, cimenteira que está preparada para receber lamas de ETAR desidratadas em substit