Económico Prioridade do Governo deve centrar-se na reestruturação e eliminação das ineficiências do sector. Os privados que operam no sector da água e se encontram agregados na Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA), são contra a privatização da Águas de Portugal (AdP), prevista no memorando da ‘troika’. Um cenário que apenas admitem num horizonte de longo prazo. “Talvez dentro de cinco ou dez anos”, defende o presidente da AEPSA, Diogo Faria de Oliveira, em entrevista ao Diário Económico. Para já, argumenta, as prioridades do Governo devem centrar-se na reestruturação desta área de negócio. “A venda da AdP não resolvia as dificuldades do sector, que se depara com problemas estruturais diferentes: um de natureza económica e outro de cariz financeiro. Estas questões não se resolvem passando a AdP da esfera pública para a privada”, defende o responsável da associação. O mesmo acrescenta que “a venda da AdP não beneficia ninguém – nem o vendedor Estado, nem o comprador privado”. Diogo Faria de Oliveira realça ainda que o vendedor Estado não teria vantagens na operação porque embora a AdP possua 5,6 mil milhões de euros em activos, o seu preço ficaria muito abaixo do justo valor. A dívida bancária do grupo liderado por Afonso Lobato Faria ascendia, em Dezembro de 2011, a cerca de três mil milhões de euros. Um valor ao qual se somavam ainda 460 milhões de euros de dívida de clientes e 430 milhões de euros de desvios tarifários. Apesar da melhoria da performance de alguns indicadores operacionais, o quadro financeiro do grupo mantém-se crítico. Entre Janeiro e Junho, registou-se um agravamento nos desvios tarifários, que cresceram 160%, totalizando 71 milhões de euros. Paralelamente assistiu-se à subida progressiva da dívida de clientes que, neste semestre, aumentou em cerca de 66 milhões de euros. Ou seja, mais 16% do que em Dezembro de 2011, sendo que a dívida vencida das autarquias ficou nos 325 milhões de euros. O Estado não seria assim o único perdedor nesta equação, na opinião da AEPSA. “O comprador privado também não obteria nenhum benefício porque o conjunto de problemas adquiridos era maior do que os benefícios da compra”, destaca Faria de Oliveira, acrescentando a esta lista os consumidores. “Não é com a venda que se retiram as ineficiências do sector. É sim com a fusão dos sistemas multimunicipais, a integração dos sistemas e a entrega da concessão a empresas operadoras privadas”, conclui. A AdP tem em curso um processo de reestruturação que passa pela redução a quatro das actuais 19 empresas responsáveis pela captação, tratamento e venda de água às autarquias a nível nacional, os chamados sistemas multimunicipais. Segue-se a verticalização progressiva entre os sistemas em alta e os sistemas em baixa, vocacionados para a distribuição da água às populações. Após a conclusão deste processo, as orientações da tutela vão no sentido de concessão dos sistemas regionais a empresas privadas, prevendo-se que tal possa ocorrer depois das eleições autárquicas, em Outubro de 2013, segundo avançou o Diário Económico. Um programa definido pelo Governo que é apoiado pela AEPSA.