Água & Ambiente – Especial 05-01-15 Para o actual presidente da AEPSA – Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente, se o que se pretende é atingir objectivos, não devem ser criadas barreiras nos meios para os atingir. Foi apresentado um novo plano estratégico para os serviços de água, o PENSAAR 2020. Que oportunidades identifica para o sector privado?O plano altera aquilo que têm sido as estratégias anteriores, que estavam muito viradas para a infra- -estruturação. O PENSAAR está virado para a eficiência dos sistemas, eficiência que também se prende com construção na medida em que começa a haver necessidade, por vezes urgente, de renovação de infra-estruturas. Uma grande parte das redes em Portugal está a envelhecer e não está a ser renovada ao ritmo que deveria, por forma a garantir que nas gerações futuras não haja um problema de obsolescência ou de colapso de infra-estruturas. Mas o PENSAAR introduz também um conjunto de preocupações mais viradas para a área tecnológica e de operação. Estamos a falar em objectivos de redução de perdas de água, por exemplo. Também há que fazer um grande esforço do lado do conhecimento da rede e dos clientes. Do lado do conhecimento da rede é necessário um forte avanço não só no cadastro, mas também na sua operação. Do lado da gestão de clientes, também é preciso que quer os sistemas de informação, quer a própria operacionalização do contacto com os clientes seja feita de uma forma muito mais actualizada e muito mais eficaz. São desafios muito importantes e em que o sector privado poderá dar um contributo.E existem hoje as condições para que essa participação seja efectiva?Ainda não compreendemos exactamente como e até que grau é que se pretende aproveitar a experiência do sector privado. Por um lado, compreendemos que o PENSAAR 2020, para ter sucesso, precisa da experiência do sector privado. Por outro lado, não é suficientemente clara a forma de aproveitamento [dessas competências].O que defendem nesse âmbito?Se aquilo que se pretende é atingir objectivos, então não devem ser criadas barreiras nos meios para atingir esses objectivos. No caso concreto do PENSAAR 2020, fala- -se na necessidade de economias de escala, num conjunto de acções prioritárias e em projectos-âncora. Estes três chavões estão muito ligados a projectos plurimunicipais e é preciso ter muito claro se isto é ou não é uma barreira ao sector privado e aos municípios.Acha que se está a obrigar os municípios a agregarem-se entre si quando poderiam ganhar escala de outra forma…Exactamente. Em primeiro lugar, os municípios com dificuldades e com necessidades de dar um salto qualitativo naquilo que é o seu serviço deveriam ter ao seu dispor um conjunto de incentivos à sua profissionalização. Mas há um conjunto de outros municípios que são muito eficientes hoje e que não deveriam ver limitadas as suas opções e o seu acesso a este tipo de programas pelo facto de pretenderem continuar isoladamente. Da mesma forma, outros municípios que queiram optar pela lógica da concessão, isoladamente, podem ver-se limitados na sua escolha ou não absorver as mais-valias destes programas. É isso que pretendemos ver claro.Não defendendo uma privatização, porque acha que seria positivo para o País concessionar os serviços em alta?Aquilo que os privados podem trazer é capacidade financeira, tecnológica e de gestão, e optimização económica e operacional. Para se conseguir absorver todas estas mais-valias do sector privado, a verticalização é muito importante. É importante ter uma relação directa com o cliente final e é importante ter uma capacidade de optimização das infra-estruturas sem um corte na metade entre alta e baixa.Mas se aquilo que se pretende é uma pura delegação de competências, quer do lado operacional, quer do lado financeiro, então as concessões em alta podem ter uma lógica de aproveitamento da experiência privada de outra forma. Pode ser através de operação e manutenção, da introdução de novas tecnologias, de serviços contratados num esquema de performance. A introdução do sector privado na alta podia dar um termo de comparação e uma rivalidade saudável aos serviços em alta.Qu