OJE A reestruturação do passivo da Tratolixo prevê o perdão de 19 milhões de euros de juros pela banca e a entrada de capital privado na empresa que trata os resíduos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra. “A Tratolixo, com a negociação alcançada, consegue um perdão de 19 milhões de euros”, salienta um documento estratégico da Tratolixo, a que a Lusa teve acesso, que dá conta de uma redução do passivo financeiro de 164,3 milhões para 145 milhões de euros. A substituição de contratos swap por uma linha de crédito, a manutenção da tarifa de 58,58 euros por tonelada tratada até 2016 e a conclusão do ecoparque da Abrunheira (Mafra) foram outras medidas aprovadas na semana passada pela Amtres (Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra para o Tratamento de Resíduos Sólidos). Na sequência da negociação com o sindicato bancário (BPI, CGD, CaixaBI, BCP e BES), a reestruturação inclui, entre outras condições, a extensão do período do empréstimo até 2041, o perdão de juros de mora, a redução do spread para 1,35% dos juros vencidos e não pagos e dos vincendos e uma carência de capital por quatro anos. “A formalização das negociações em curso permitirá uma redução dos juros futuros na ordem dos 69 milhões de euros por força da redução do spread de 4% para 1,35% para o período da concessão”, prolongado até 2042, contabiliza o documento da Tratolixo. A empresa assume que, devido a dificuldades financeiras, suspendeu empreitadas financiadas pelo Fundo de Coesão, levando à “perda de sete dos 25,4 milhões de euros aprovados pela Comunidade Europeia”, e que terá de devolver 1,4 milhões de um total de 19,9 milhões de euros já recebidos, em adiantamento, por não ter conseguido justificar despesas até dezembro de 2011. A utilização de parte do crédito para o projeto do ecoparque da Abrunheira para o pagamento de custos com o transporte de resíduos para outros sistemas, que não podiam ser depositados em Trajouce e que só a partir de 2013 passaram a ser cobertos pelas tarifas, será outro problema a resolver com a reestruturação do passivo. A empresa notou que o sistema de tratamento mecânico e biológico dos resíduos apresenta um custo superior a outros processos, razão pela qual aponta a necessidade de se definir uma estratégia complementar para o futuro. Os três cenários em análise passam pela requalificação de Trajouce, deixando de recorrer a outros sistemas; construção de uma unidade de valorização energética, com investimento e parceria externas, ou partilha de infraestruturas com a Valorsul, complementando a reciclagem com a produção de energia. A entrada de capital privado na empresa está previsto no entendimento com o sindicato bancário, mas a administração da empresa admite em alternativa “parcerias estratégicas com investidores” ou fundos comunitários que permitam investimentos na valorização do sistema. Na assembleia da Amtres, a 3 de setembro, participaram os presidentes das autarquias de Cascais, Carlos Carreiras; de Mafra, Hélder Silva; de Oeiras, Paulo Vistas, e de Sintra, Basílio Horta, que se congratularam com o acordo, que terá agora de ser ratificado pelos respetivos órgãos municipais. “Uma vez negociada a dívida, abre-se a segunda fase, que é acabar o aterro”, salientou em declarações anteriores à Lusa Basílio Horta, que na terça-feira apresenta ao Executivo a proposta de reestruturação do passivo da Tratolixo.