Ambiente Online As propostas vinculativas para a aquisição da EGF foram entregues (como previsto e sem adiamentos) a 31 de Julho. Agora, das duas uma: ou o processo não chega ao fim, ou a empresa é mesmo vendida. Se o processo não vir a luz do dia, (seja qual for o motivo: técnico, financeiro, administrativo, político ou outro), os grandes vencedores serão sempre os municípios que se opuseram à privatização desde a primeira hora e o grande derrotado será sempre o Governo. E se o Governo perder, das duas uma: ou perde também toda a capacidade de reestruturar o setor das águas, ou pelo menos perde a força política para o fazer no curto prazo e nesse caso terá de rever a estratégia e adiar a reestruturação das águas. Bem vistas a coisas perante este cenário, teria sido mais prudente avançar em paralelo com as duas reestruturações – resíduos e águas – do que apostar tudo no sucesso da primeira para então iniciar a segunda. E caso a EGF se mantenha com a atual estrutura de capital, então das duas uma: ou a AdP tem preparado um plano de recuo que seja uma autêntica operação de charme junto dos municípios, ou os municípios não se vão ficar por aqui e vão querer salvaguardar eventuais futuras investidas, assegurando a posição de parceria ou mesmo procurando adquirir parte do capital da EGF ao Estado. Mas se o cenário for outro e o processo for mesmo até ao fim, então das duas uma: ou o Governo ainda tem tempo de anunciar, iniciar e concluir o processo de reestruturação das águas ou, embora lhe possa dar início, já não tem tempo, ou não o pretende concluir. O que nos coloca novamente na questão, das duas uma: ou a reestruturação das águas tem princípio, meio e fim (a bem do setor e do País), ou é posta em causa e revista pelo próximo Governo, colocando-nos num filme que já tem mais de uma década e várias sequelas – QCA I, PEAASAR I, QCA II, PEAASAR II, QCA III, PENSAAR I, etc., etc., etc., -, e que nunca resolveu os problemas estruturais do setor. Certo é que, se o processo for mesmo até ao fim, das duas uma: ou a EGF é adquirida por uma empresa nacional, ou por uma empresa estrangeira. E aqui as probabilidades são 50/50, com duas propostas portuguesas e duas estrangeiras. Mas uma coisa já é garantida: a EGF será sempre uma empresa europeia (pelo menos até 2020) já que os chineses e os brasileiros desistiram de apresentar proposta. Diogo Faria de Oliveira é licenciado em Engenharia Civil com especialização em Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambientais. É Administrador Executivo da Aquapor (desde 2001), Presidente da Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente, Conselheiro da ERSAR e membro do Conselho Nacional da Água. Escreve, por opção, ao abrigo do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.