Expresso Extinguir empresas e cargos de chefia das Águas de Portugal é a intenção de Moreira da Silva para completar a reestruturação do sector. Há já quase três anos que se aguarda pela concretização da anunciada reestruturação territorial dos sistemas multimunicipais, geridos maioritariamente pelo grupo Águas de Portugal (AdP). A ideia é passar dos atuais 19 sistemas para quatro a seis. Por agora o ministro do Ambiente não quer revelar o modelo final. “É preciso ir mais longe” na reorganização do sector das águas, justifica. E Moreira da Silvapretende fazê-lo em simultâneo com “uma reorganização corporativa” da holding. Esta resultará “fundindo empresas, extinguindo outras, reduzindo de forma significativa o número de administradores, diretores e coordenadores, assim como custos operacionais e alguns consumos intermédios”. A intenção foi esta quarta-feira anunciada num almoço debate organizado pela Associação das Empresas Portuguesas para o sector do Ambiente (AEPSA), em Lisboa, e aplaudida pela maioria dos presentes. Entre eles o presidente, da AEPSA, Diogo Faria de Oliveira, que lembrou estarempresentes neste encontro cerca de 60 entidades públicas e privadasque “representam quase todo o PIB do ambiente em Portugal”, “um negócioa anualde €1500 milhões”. Moreira da Silva aguarda agora que a administração da holding lhe apresente uma proposta e espera ter os objetivos quantificados dentro de duas semanas. A ideia “tem dominado as reuniões com o grupo AdP há vários meses”. Por detrás desta intenção está também a necessidade de apaziguar os municípios que estavam contra as propostas de fusões dos sistemas em alta. “É uma forma de demonstrar aos municípios que não queremos apenas harmonizar tarifas e maximizar economias de escala e queremos ir mais longe reduzindo custos na AdP, porque será essencial para redução de tarifas”, admite Moreira da Silva. O ministro que celebra esta quinta-feira um ano à frente da pasta do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia volta a sublinhar que “o Governo não pretende privatizar o sector das águas”. Já a privatização do sector dos resíduos segue o seu curso, com vários percalços pelo caminho. Entre os últimos está a ameaça do município de Lisboa que diz que inviabilizará a decisão do privado que vier a ficar com a Valorsul -a joia da coroa da Empresa Geral de Fomento (EGF). Outro dos espinhos neste processo é a noticiada desistência de alguns dos concorrentes. A uma semana da entrega das propostas vinculativas para a privatização da EGF, Moreira da Silva recusa tecer comentários sobre o desinteresse de potenciais candidatos. “Este não é o momento de o Governo se pronunciar sobre a privatização”, argumenta. Só o fará depois de 31 de julho. Mas reafirma “confiança neste processo”. Questionado sobre a viabilidade da concretização das propostas da Reforma da Fiscalidade Verde, o ministro também se escusa acomentários. “Temos de deixar a discussão pública correr livremente”, diz. A partir de 15 de setembro, o Governo apresentaráas suas propostas.